Ser mãe é sentir aconchego em os ter por perto, saber que neles mora o incerto mais que certo, amor que sibila como o vento. É o aconchego sentido em cada pingo de chuva que cai lá fora, no primeiro gole de um café com leite quente ou no frio que se faz calor depois de um mergulho no mar.
É encontrar em cada vaga de emoções um sem número de explicações para o significado do verbo amar.
Ser mãe é para lá de gerar vida, é sobretudo gerir vidas. Vai-se esculpindo no dia a dia, perdendo o fio à meada, sem ver o fim da estrada, ficando sem norte, deixando à sorte. Passamos de coração minguado a coração apertado, de coração crescente a coração cheio. Na verdade, somos sempre coração mole.
Encontramos o aconchego em cada sopro do cheiro familiar mais doce dos nossos filhos, a paz em cada minuto de sono. É um afagar de alma que nos traz a calma, por saber que está tudo no lugar certo, mesmo que a casa esteja virada do avesso e as meias não encontrem par.
No barulho, na correria e na azáfama de todos os dias encontramos a saúde dos dias cheios de vida. Há que gerir o mundo que habita fora de nós.
Palpitações, sopros, paciência, muita paciência. Para o vaivém da constância inconstante do turbilhão que é ser mãe.
O aconchego leva o resto às costas. Os beijinhos valem por mil disparates, a moeda de troca mais altruísta, menos egoísta. Há quem diga que fazem da mães aquilo que querem, que connosco se portam sempre mal. Não sendo mentira que nos levam pela mão, a verdade é que já ouviram o nosso coração. Conhecem-nos bem, sentem as nossas angústias como mais ninguém. E se nos levam nas palminhas, nós sabemos lê-los nas entrelinhas.
Um coração que bate sempre sem parar, não importa o lugar, é a palpitação aconchegante de ser mãe a falar. O lugar a que chamamos casa. O lugar que amamos profundamente, mas que às vezes parece não nos chegar. Às vezes o coração de uma mãe precisa de viajar. Precisa de sair do conforto do lar, precisa de sonhar e de concretizar, para depois como as andorinhas poder {sempre e inequivocamente} voltar. Porque a palpitação aconchegante que é ser mãe está sempre lá para nos recordar da morada à qual regressar.
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