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alfacinha

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Qui | 06.10.16

O medo (ir)racional de uma mãe

mariana

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Como já vos disse anteriormente, o medo é algo que surge naturalmente na vida de uma mãe. Pelo menos surgiu na vida desta mãe, que estava à espera de ser a despreocupação em pessoa. No entanto, a vida está sempre pronta a ensinar-nos uma coisa ou outra e decidiu que o "medo" devia fazer parte da minha experiência como mãe - chegou de mansinho e, se era suposto ir atenuando, parece porém aumentar à medida do crescimento do meu amor pelo meu filho.

 

Este medo está muito presente nas trivialidades do dia-a-dia. Pode parecer ridículo, mas se a sesta é mais demorada (o que não é hábito…) e por mais sossego de que eu precise, lá estou a verificar se ele está a respirar… .Um pico de febre sem razão aparente - as chamadas febrículas - serve de rastilho para a minha imaginação ir visitar cenários aterradores. Ou numa noite em que me presenteia com oito horas de sono seguidas (que felicidade para alguém privado de um sono seguido há cinco meses!) fico abalada pelo nervosismo de uma mãe “de primeira viagem”.

 

O receio é o de que qualquer coisa menos boa entre de rompante pela nossa vida a dentro e perturbe o estado de felicidade puro que amar um filho nos traz. E também o pavor de não sermos capazes de evitar que algo de mal lhe aconteça. A incapacidade “lógica” de sermos donos do mundo e de não conseguirmos controlar tudo o que acontece.

É por isso que este medo é na verdade irracional e, felizmente, em 99,9 % das vezes não tem fundamento, é apenas o coração nervoso de uma mãe. Contudo, todos os dias ouvimos histórias tristes sobre as partidas que a vida nos pode pregar. São essas histórias que por vezes assombram a minha realidade como mãe, porque não é só aos outros que acontece... E se me acontecer a mim?

 

Hoje, percebo melhor o nervoso miudinho da minha mãe quando ouve notícias sobre ataques terroristas em aeroportos a pensar no meu irmão que viaja todos os meses.

 

Se, por um lado, é este medo que nos faz encarar a vida e os problemas de uma outra forma - relativizar as circunstâncias da vida nunca foi tão simples - também não é por ele que quero reger a nossa vida.

 

Quando penso nas tropelias que tanto eu como o meu irmão fizemos, penso no coração dos meus pais e como devem ter ficado com as nossas aventuras. Penso na liberdade que nos deram, permitindo-nos ser cidadãos do mundo com o caráter e as “ferramentas” necessárias para escolhermos o nosso destino. Os meus pais não nos transmitiram medo de viver e sem nos colocarem numa redoma deram um sentido de segurança e de aconchego às nossas vidas. Mas tenho a certeza que o medo também se instalou muitas vezes nos corações deles.

 

Resta-me ir aprendendo, aos poucos, a gerir este medo, seguir o instinto maternal, manter algum pragmatismo q.b. e pôr de parte as angústias e a impaciência que por vezes nos assaltam.

 

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