Hot Topics #1 - Uber, Táxis e Violência gratuita
Hoje apresento-vos uma nova rubrica, os “Hot Topics”, aqueles temas controversos e “quentes”, atuais ou mais antigos, causadores de burburinho no nosso dia-a-dia.
A atual, mas antiga discórdia entre os taxistas e as prestadoras de serviços em plataforma tecnológica (UBER e Cabify) pareceu-me o tópico perfeito para dar início a esta rubrica.
Visto não ter carta de condução - tenho pavor de conduzir - sou utilizadora assídua deste tipo de serviços, sendo que nunca utilizei nem a Uber, nem a Cabify. Como já referi aqui, considero a experiência de andar de táxi especialmente enriquecedora em termos sociais, pois é-nos dada a possibilidade de conversar, ouvir histórias e partilhar ideias com alguém que, à partida, não nos conhece, mas que pode fazer a diferença no nosso dia-a-dia.
Como lisboeta, andar de táxi é mais do que um meio de transporte, é mais do que um serviço, constitui uma experiência pitoresca e tradicional – os táxis fazem parte da fisionomia da cidade. Nas minhas viagens de táxi já apanhei de “tudo” – desde o taxista mais simpático, disponível e falador, ao taxista mais antipático, bruto e mal-educado. Existem profissionais que têm orgulho e gosto em fazerem o seu trabalho com brio, há outros para quem um trabalho é apenas uma forma de ganhar dinheiro e o resto não interessa.
Sempre considerei positiva a existência de prestadores de serviços como a Uber e a Cabify, até no sentido em que forçou os taxistas a melhorarem os seus serviços – a concorrência, quando leal, é fundamental para que exista variedade na oferta e mais excelência nos serviços.
Há que averiguar se a atividade desses prestadores é legal ou não. Não o sendo, a situação deve, para persistir com justiça, ser legalizada.
Contudo, colocando as leis de parte, com a recente manifestação dos taxistas muita coisa mudou, pois é impossível ficar indiferente à violência gratuita oferecida pelos taxistas tanto à Uber como à Cabify, ou a quem quer que fosse que ousasse fazer-lhes frente. Se alguma razão pudessem ter, esfumou-se com as atitudes bárbaras e frases vulgares proferidas por alguns taxistas.
É uma luta em que alguns querem conquistar pela brutalidade dos atos aquilo que ambicionam, esquecendo-se dos outros. Por mais que não se queira generalizar, aqueles que trabalham com esforço e dedicação todos os dias acabam por ser arrastados pelo vandalismo dos colegas de profissão, perdendo a razão e ganhando a desconfiança do público. Hoje é impossível não pensar duas vezes antes de apanhar um táxi.
É certo que todos nós podemos perder a cabeça, mas a partir do momento em que o fazemos, sobretudo de forma coletiva, devemos ter a consciência de que pomos tudo em causa, incluindo a liberdade dos outros.
Se antes, ao entrar num táxi, sabia que podia apanhar qualquer tipo de motorista, assim como um taxista pode apanhar qualquer tipo de cliente, hoje são as imagens de um bando de seres toldados pela loucura, a abanarem violentamente um carro da Uber, que definem a minha vontade de entrar ou não num táxi.
As situações geradas no decorrer da manifestação dos taxistas são a prova de que uma imagem vale mais do que mil palavras, reduzindo a pique a minha vontade de viajar num táxi. O meu sentido de segurança foi seguramente abalado e, caso precise de me deslocar com o meu bebé, não me sinto à vontade para o fazer num táxi. Decerto que, como eu, há muitos que antes eram “leais” a este meio de transporte, apesar das suas idiossincrasias, mas que hoje não se sentem confortáveis para o utilizar.
Manifesto a minha simpatia, por todos aqueles taxistas que exercem a sua profissão com excelência, tornados vítimas por atos cometidos por colegas de profissão
exaltados, menos lúcidos e pouco esclarecidos. Contudo, tenho esperança de que a excelência com que desempenham a sua função lhes permita saírem ilesos de toda esta “revolução”.
Não posso jurar nunca mais apanhar um táxi, mas no meu iPhone já mora uma nova aplicação …. Adivinham qual?
Como de costume podem sempre seguir as nossas aventuras no instagram e no facebook.