A constatação de que o tempo passa a correr é o dia-a-dia de qualquer mãe. Todos os dias somos presenteadas com novidades no crescimento dos nossos bebés, seja porque já se viram sozinhos, porque metem o pé na boca ou simplesmente porque fazem um som novo. Essas pequenas coisas, que acabam por ser as maiores e melhores da vida, são as que nos fazem atribuir um significado diferente ao tempo.
Contudo, não são apenas as maravilhas dos nossos bebés que nos fazem questionar o valor que damos ao tempo. Frequentemente acabo o dia a perguntar-me para onde é que o tempo foi. O dia passa a correr e se estou agora aqui sentada a escrever parece que foi há cinco minutos que acordei…
Um bebé ou uma criança pequena implicam tempo, paciência, disponibilidade e total abdicação de qualquer coisa que não sejam eles. É com o coração cheio que abdicamos do mundo para os ter nos braços, mas a sanidade mental de uma mãe precisa de ser preservada… Para tal é preciso, de vez em quando, focarmo-nos naquilo que gostamos de fazer - acredito que os nossos filhos serão mais felizes se nós o formos também. Se é difícil? Claro que sim! Falo por mim, que ainda não consegui deixar o Manel uma noite em casa dos avós – e na verdade eu bem precisava de dormir uma noite seguida.
No entanto, o tempo que tenho para o gozar parece que se esfuma a cada minuto que passa. Quando olho para uma criança de 4 anos penso: “Que bom, daqui a 4 anos ele já anda, brinca, fala, corre e se Deus quiser já dorme noites seguidas!”Mas, ao mesmo tempo penso: “Daqui a 4 anos ele já não é tão bebé. Daqui a 4 anos ele já está mais crescido.”. É esse paradoxo temporal que “habita” o meu coração de mãe, dando ao tempo um valor muito particular.
Há uns tempos, ao pedir uma opinião a uma amiga a resposta foi: “Não tens nada a perder (eventualmente tempo).”. Não foi necessário mais nada para eu decidir aquilo que iria fazer, porque de facto o nosso tempo vale (e deve valer) muito! Sobretudo quando vivemos numa Era em que o tempo, é, na verdade, pouco valorizado. O “nosso tempo” define o nível de compromisso que temos em relação a algo ou alguém. Se em certas situações da nossa vida tempo perdido é tempo ganho, noutras tal não se aplica.
Hoje, antes de fazer o que quer que seja, repito aquela frase interiormente, para não me esquecer do que o “meu tempo” vale – tanto para mim, como para as pessoas que ocupam a minha vida e que merecem que o “meu tempo” ocupe a vida delas. Assim, como que a separar o trigo do joio, há que ver aquilo em que vale a pena investir e o que é necessário deixar ir…
A partir do momento em que somos mães deparamo-nos com estas idiossincrasias temporais, que definem a nossa forma de gerir o dia-a-dia. Em última instância, é o fator decisivo para fazermos uma coisa ao invés de outra. Formatam a nossa lista de prioridades, fazendo de nós seres mais plenos e cheios. É certo que, por vezes, cheios de olheiras e com os sonos trocados, mas preenchidos pela certeza de que vale a pena porque, afinal, tudo passa mais depressa do que o coração possa algum dia almejar.
É esse sentimento que nos permite deitar a cabeça na almofada a sorrir, mesmo que daqui por umas horas tenhamos que acordar para lhe explicar que é tempo de dormir.
Como de costume podem sempre seguir as nossas aventuras noinstagrame nofacebook.